Desde que publicamos os dois artigos sobre o louvor, em maio, nunca
vimos um assunto ofender a tantos quanto a “parte 1” desse texto. É
incrível como tantos cristãos realmente desconsideram os claros alertas
do Senhor de que a menos que nos entreguemos por completo a Ele não
teremos uma morada no céu (Mt 10:37-39).
Ignoram, simplesmente ignoram as palavras do nosso querido Jesus.
Insistem em argumentar que o corpo, como um deles escreveu, “não passa
de uma casca”, dando a entender que desde que o indivíduo “entregue o
coração a Deus” aquilo que ele faz no corpo é irrelevante para o Senhor.
Chego a ficar sem palavras frente a tamanha aberração (Ro 6:13).
É por isso que é praticamente impossível diferenciar o cristão do
mundano nesses últimos dias. Afinal, se ambos se entregaram às paixões
da carne, como poderia haver qualquer distinção? A luz já não ilumina. O
sal perdeu o seu sabor.
Mas deixemos esses blasfemos sob os cuidados do Senhor e falemos
agora sobre como transformar um coração de pedra em um coração de carne.
Primeiramente, lembremos que isso só é possível porque existe uma
promessa do Pai para nós, os seus escolhidos, que Ele nos concederia
essa graça (Ez 11:19-20). É somente porque as promessas de Deus nunca falham que se torna possível essa transformação.
O maior dos mandamentos, segundo o nosso amado Jesus, é: “Ame o
Senhor, o seu Deus, de todo o seu coração, de toda a sua alma, de todas
as suas forças e de todo o seu entendimento. ” (Lc 10:27). Note que se
inicia no coração e termina na mente, ou entendimento. Mas como podemos
amar o Senhor dessa forma se temos um coração tão inclinado ao pecado?
(Jr 17:9) Ele precisa ser transformado. Na realidade, enquanto
estivermos nesse corpo temporário ele é mais controlado do que
transformado. Coração não é mente. A mente por si mesma é neutra,
podendo ser facilmente influenciada. O coração é a força que impulsiona
os nossos desejos e influencia (mas não domina) a nossa mente em uma
determinada direção. Se a mente é a vela de um barco, o coração é o
vento. Embora não temos o controle direto do vento, temos o controle
direto da vela. Dessa forma escolhemos em que direção seguiremos.
O coração, que se alimenta daquilo que a mente se ocupa, é
gradativamente moldado. Encheremos então a mente com o santo e
eliminaremos todo o interesse mundano (Ro 12:2).
Procurar apenas eliminar certas coisinhas do mundo não funcionará. Foi
exatamente por isso que o Senhor não disse que devemos nos afastar do
mundo, mas sim que devemos morrer para ele (Mc 8:35). Bem radical, mas
funciona. Falo por experiência. Já há muito tempo procuro evitar tudo
aquilo que não me aproxima do Senhor: assistir filmes, seriados,
esportes, noticiários; acompanhar política; ler qualquer coisa secular…
Uso uma regra bem simples para determinar o que entra e o que fica de
fora: Isso agrada ao meu Deus, sim ou não? Se não me leva à semelhança
de Cristo, é eliminado (1 Jo 2:6; 1 Pd 2:21; Ro 8:29).
Dessa forma, pela graça que me foi concedida, mantenho esse meu coração
rebelde sob controle. Orando baixinho o dia todo, clamando pelo nome de
Jesus, em estudo e jejum, sigo adiante, aguardando feliz e ansioso o
dia que o meu nome for chamado. “Cria em mim um coração puro, ó Deus. ”
(Sl 51:10).